sexta-feira, 23 de abril de 2010

Conto de Amor - Parte 2: A ferida.




Mas...
Com promessa ou sem promessa, o que ele precisava mesmo era tentar esquecer a antiga ferida (por que sarar estava difícil, melhor mesmo era tentar esquecer que doía). E assim, ele se agarrou a cada fiapo de felicidade que encontrava naquela promessa.
Qualque palavra dita na hora certa era um motivo para ele achar que estava no caminho da felicidade. Qualquer rastro de virtude nela percebido, era um vulcão de esperança que crescia dentro dele. Porque quando a ferida dói de verdade, a gente quer mesmo é qualquer remédio.
Aquela tal ferida era a pior que ele já havia sentido. Porque aliás, ela não havia brotado do nada, tinha sido provocada por ele próprio. Isso mesmo, ele apunhalou o próprio coração, na tentativa não se render a ele. E aquele tal ferimento que ele tinha, possuia uma ferida igual a dele.
Acredite: homens têm mesmo muito medo de amar as pessoas. É mais fácil amar os objetos, os esportes, os hábitos, do que qualquer coisa que se mexa sozinha, porque essas outras coisas com vontade própria cobram resultados, precisam de cuidado e atenção. Não que eles não amem, amam sim, mas não é confortável amar. Nós mulheres não nos importamos em perder o controle, eles sim!
Voltando à ferida. Aquela promessa foi se esquecendo de cuidar da ferida dele. E cometeu o grande erro, jogou um curativo em cima como se bastasse, e cobriu pra esquecer que existia. E como é fisiológicamente óbvio, a ferida apenas cresceu, e cresceu muito.
Cada vez doía mais, ardia mais, crescia mais, ele dizia o que estava acontecendo mas a menina da promessa se recusava a olhar a lesão. Ela achava que apenas ter prometido era o suficiente para curar as dores dele. Triste engano! Promessas são só palavras; ações é que são milagrosas.
Ele havia magoado a mulher que ama, encontrou alguém que supriria aquela saudade, sentia muito dor, muita culpa.
Nosso pior inferno é a consciencia.

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