sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O exemplo da matrioshka


Ás vezes é preciso o corpo dar sinais de exaustão para que a mente reelabore o viver. Mais ou menos assim me chega esse final de ano. Em volta de mim tudo é caos, mas nada nesse caos me apavora. Há roupas, sapatos, objetos, papéis, bolsas, discos e livros fora do lugar por toda parte. As paredes esqueceram de rogar por tinta fresca, o piso amarelado pelo tempo, aquela lâmpada queimada no canto da sala, tudo dorme há cem anos.

E eu que sonhava com a “casa no campo” da letra de Zé Rodrix, esqueci que a casa do sonho começa na gente. Esquecer, lembrar, aprender, reeditar os textos escritos há muito tempo nos rascunhos da mente, esse é o exercício que o recolhimento tem me postulado a fazer. Ímpeto de revirar tudo pelo avesso do avesso, do avesso... Reencarnar em vida e começar do marco zero a mover todos os esforços novamente, de forma consciente.

Porque fazemos quase tudo na vida sem o concurso da consciência? Repetimos padrões de comportamentos viciosos, receitas de má conduta, erramos repetidas vezes o mesmo erro, desonramos com frequência nossos próprios compromissos. Vivemos por conta de nossa parte menor, a satisfazer seus desejos imprudentes, atendendo aos ditames de sua sabedoria rasa, de sua compreensão rasteira.

Essa parte menor é nosso corpo físico. Ouvi tal definição de uma mulher no documentário “Vivendo de Luz”, exibido pelo canal GNT nesse dezembro de mudanças climáticas. Lindo o que ela disse: “somos como uma matrioshka”, tradicionais bonecas russas. Brinquedo que pode ser feito de madeira, argila e outras matérias-primas, mas que tem uma lógica única, o encaixe de várias bonecas semelhantes, de tamanhos diferentes, uma dentro da outra.

Só a menor delas, que fica dentro de todas as outras, não é oca. E é justamente essa parte menor e maciça que representa nosso corpo físico. Os demais corpos maiores e mais expostos da boneca seriam nossos corpos astrais. Por desconhecermos e por não sabermos lidar com os sentidos ampliados dessa dimensão espiritual que somos, é que vivemos a pobre experiência de dedicar a vida a atender as demandas rústicas da matéria.

Fome e sede são as básicas, depois vem a indumentária, os adornos, os prazeres, os vícios, os maus hábitos, as ambições, o desejo do supérfluo, os valores descartáveis vendáveis e compráveis. E tudo gera insaciedade, nunca é o suficiente no campo do ter. Então vem a doença e nos enfeia, descama a aparência, confronta as ilusões com a dor e leva de enxurrada pessoas ainda jovens.

Vemos isso acontecer todos os dias, mas nos recusamos a compreender de forma profunda que a vida não segue a lógica de nossos desejos. Ela não responde ao nosso planejamento financeiro, ao nosso projeto acumulativo, ao nosso anseio de sempre atender a parte menor da matrioshka. Tem Leis e regência que nos fogem completamente ao controle e ainda assim as ignoramos.

Esse é um final de ano cabal, no qual o único plano que me permito fazer é o de sair da zona de conforto da boneca maciça e menor, corajosamente, para caminhar por dimensões mais inteligentes, mais fraternas e mais universais. Porque o único compromisso válido nesse mistério que é viver, é com a gente mesmo. É o compromisso de lavar do rosto espiritual a maquiagem das ilusões.
Feliz Natal a todos mesmo, do fundo do coração e da mente. Porque somos de fato parte de uma mesma e multidimensional humanidade.

MÁRCIA CORRÊA.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A carta chegou!


...mas Deus sabe (ah! Ele sabe.) o quanto eu desejei que você tivesse fugido por 5 minutos daquela prisão voluntária e tivesse ido me dar um abraço, naquele Natal. Eu ficava proletando entender a minha intuição e estabelecia datas para me desligar da tua energia.
Fiquei ligeiramente feliz quando recebi teu telefonema insistindo que queria me buscar para comemorar seu aniversário, mesmo sabendo que eu não passava da ultima opção de diversão.
No Dia dos Namorados eu esperei ansiosa por qualquer coisa que me fizesse pensar que eu tinha alguma importância, mas ganhei apenas silêncio e omissão. Mesmo assim, amor de mulher e a mais perfeita forma de amor que existe. Nós mulheres perdoamos suas falhas, passamos por cima de nossas dores, defendemos nosso ser amado mesmo sabendo que ele está errado... e comigo não podia ser diferente. Eu apenas me fiz acreditar que havia um motivo muito importante para eu não estar ao seu lado naquele dia. E de fato havia, mas não era o motivo que eu desejava enxergar.
Cada vez que você inconsequentemente dizia que me amava eu me irritava profundamente com a certeza de que era mentira e vontade de que fosse verdade. Sentimentos em Guerra!
No dia do meu aniversário eu tinha o desejo louco, eufórico e infantil de ter você ao meu lado a noite toda. Bebendo, rindo, contando histórias, rindo... e num ato de ingenuidade fiz você me prometer que faria isso comigo. Você prometeu! Sumiu! Sequer me desejou felicidades...
Qualquer pessoa esperta teria entendido o recado ainda no Natal. Mas eu esperei um ano inteiro, recebi ligações inesperadas, ria quando você vinha cantar na porta da minha casa em plena madrugada, me sentia a mulher mais importante do mundo quando você dizia que me amava, achava que tudo aquilo não podia ser de mentira, porque era envolveente demais para ser uma farsa.
Enviei uma carta há meses... ela não encontrou seu destinatário e voltou para o meu endereço com a seguinte mensagem: Mais um Natal está chegando e você não merece essa presença que nunca chega. Siga em frente!
E eu segui!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011


"eu achava que não conseguiria mais continuar tecendo inventos. Perguntei se achavas que minha fantasia me doía, e se me doendo também te doía. E não disseste nada...
Então eu te disse que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exata. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse...
Mas eu te ouvia dizer que sabias ser necessário optar entre mim e ela, e que optarias por ela, por comodidade, para não te mexeres daquele canto um pouco escuro e um pouco estreito, mas teu - e que optarias por ficar comigo porque a minha loucura te encantaria e te distrairia, embora precisasses te agitar e negar e ouvir e sobretudo compreender novamente tudo todos os dias...
...e eu sentei ao teu lado e não compreendendo te disse que não, te disse inúmeras vezes que não, que não era bom, que não era justo, que não era preciso...
...e eu ria também porque te queria rindo...
Hoje de manhã ele tocou e achei que ouvi tua voz perguntando lenta se eu ia continuar tecendo. Olhei para tua cama vazia, e para os livros sobre o caixote branco, e para as roupas no chão, mas perguntaste novamente se eu estava disposto a continuar tecendo - e então eu disse que sim, que estava disposto, que eu teceria. Que eu teço. E mesmo assim tu me deixou."

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

F.A.T.O.




(via www.mulherde30.com.br)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

pensamento aleatório

Tá, eu até entendo (e acredito) nessa história de não julgar os outros. Mas na verdade nós também temos responsabildades sobre o que transmitimos ao mundo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Desejo do Dia


Pois é... é essa situação aí! HeHeHe


"...Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Talvez seja este o ponto. Talvez eu não seja adulta suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas.
Onde é que eu estava com a cabeça, Lopes, de acreditar em contos de fadas, de achar que a gente manda no que sente e que bastaria apertar o botão e as luzes apagariam e eu retornaria minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência?
Eu nunca amei aquele cara, Lopes. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, era sacanagem. Não era amor, eram dois travessos. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo.
Não era amor, era melhor
."

Marta Medeiros - Divã

terça-feira, 26 de abril de 2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pensamentos aleatórios...


Não pense você que crescer é uma tarefa fácil. Crescer implica em uma série de coisas que nem sempre a gente está preparado para enfrentar, ou quando estamos, definitivamente prefeririamos pular esta etapa.
Para crescer a gente tem que saber lidar com as críticas no trabalho, a cobrança da família, as responsabilidades com suas contas, as rejeições do amor, as decepções com amigos, as nossas próprias instabilidades internas e outras cositas mas...
Eu mesma, as vezes olho para trás e nem consigo acreditar que já cheguei tão longe, que já superei tanta coisa. Já me separei de amigos inseparáveis, perdi festas inperdíveis, larguei amores eternos e ainda sim, não cresci o suficiente. Digo que não cresci o suficiente porque quando eu penso que já sei lidar com determinada situação, aparece outra igualzinha que me estraçalha o coração.
São essas pessoas intruzas que invadem a nossa vida sem pedir licença e bagunçam tudo o que demorou tanto tempo pra ser organizado.
Daqui pra frente eu não sei se quero que este texto seja otimista, dizendo que já superei muita coisa e essa só será mais uma, ou se quero apenas dizer que mesmo que superemos todos os obstáculos da vida da gente, cada um tem a sua dor específica, sem maior ou menos importância.
Acho que cancei de escrever. Deitar na cama, lembrar de coisas boas e talvez chorar tem mais haver comigo...

terça-feira, 19 de abril de 2011

Tu Vens - Alceu Valença


Na bruma leve das paixões
Que vem de dentro
Tu vens chegando
Prá brincar no meu quintal
No teu cavalo, peito nu
Cabelo ao vento
E o Sol quarando
Nossas roupas no varal.

Tu vens, Tu vens
Eu ja escuto os teus sinais
Tu vens, Tu vens
Eu ja escuto os teus sinais.

A voz do anjo
Sussurou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais.

Tu vens, Tu vens
Eu ja escuto os teus sinais
Tu vens, Tu vens
Eu ja escuto os teus sinais.

Desejo do Dia.



Ter uma casa neste lugar.

(Paisagem canadense)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mais de mim.

Chamo as pessoas por nomes inventados na hora.
Uso o mesmo apelido pra pessoas diferentes.
Chamo palavrão.
Grito!
Me desespero por um chocolate e quando como um pedacinho enjoo logo.
Escuto brega.
Já quiz ser a madonna.
Sou aracnofóbica.
Tenho enorme desejo de ter muitos filhos e viver para cuidar da minha família.
Tenho desejos que assustam alguns.
Digo coisas que não sei o que significam.
Leio livros que mal sei do que se tratam.
Amei a vida inteira e depois descobri que não era amor.
Pergunto!
Ofendo objetos inanimados.
Tenho medo de escuro e de personagens de filmes de terror. (Não existem?! nunca se sabe né?)
Me envaideço com aplausos medíocres.
Desconfio dos aplausos conciêntes.
Quando fico com raiva, grito dentro do guarda-roupas e depois tranco a porta e a raiva fica lá dentro!
Sempre achei que a vida não tinha graça se não tivessemos um amor. E hoje descobri que bom mesmo é se apaixonar várias vezes, por quem se encaixa na nossa vida.
Faço da vida uma filosofia.
Traço planos malígnos que nunca tenho coragem de cumprir.
Preparo minha vida pra sonhos impossíveis.
Quando estou num lugar ruim, fecho os olhos e imagino o lugar onde eu gostaria de estar, e imediatamente meu astral melhora.
Dentro da minha cabeça, mato as pessoas que me incomodam. Sendo assim, tenho um grande cemitério com túmulos cheio de flores e saudade, e outros abandonados.
Choro!
Danço sozinha no meu quarto (e garanto que é melhor do que em qualquer boite).
Tenho poucos amigos(os) verdadeiros(as).
Gargalho alto e sem motivos.
Sorrio quando estou nervosa.
Choro quando estou feliz.
Desejo!
Gasto o dinheiro que deveria ser guardado.
Me dedico a conquistar pessoas que não me interessam e acabo esquecendo de conquistar quem realmente importa.
Quando estou apaixonada, me escondo, com vergonha.
Amo ciência.
Tenho náuseas quando escuto pessoas falando frases feitas e assumindo a autoria delas.
Não sei reagir a elogios.
Me apaixono pelo vilão, e acho os mocinhos tão patéticos.
Assisto Chaves e passo mal de tanto rir.
Conto tudo pra minha mãe. Tudo mesmo. (tô nem aí se me acharem mimada)
Fico pasma quando descubro que me odeiam. "Como podem odiar alguém tão legal?" rsrs
Sei guardar segredos!
Faço declarações de amor a uma cadelinha.
Tenho tics nervosos.
Passo mais de 1hr e meia lavando o cabelo.
Aplaudo o Djavan no final do Dvd.
Me fantasio de perua, quando na verdade gosto mesmo é de tênis e bermuda.
Não gosto de rasgação de seda. Se te elogiei ou disse que te amo, é porque é verdade.
Odeio que me testem.
Exito!
Exijo!
Fujo de disputas. Prefiro deixar pra quem faz muita questão.
Ouço mil vezes a mesma música e no dia seguinte eu não consigo nem ouvir falar nela. rs
Odeio TV, sou alucinada por música!
Detesto pessoas ilustres, viro fã das mais exóticas.
As vezes eu saturo das pessoas e desejo ser uma planta.
Sorrio!
Acho graça de mim.
Me comparo.
Desentendo.
Odeio pessoas que amei.
Amo pessoas que odiei.
Interpreto muitos personagens.
Dispo-me!
Falo de mim, mas me desconheço!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Desejo do Dia



Nadar nua e sozinha!! Hurruuu.. :)

domingo, 23 de janeiro de 2011

A carta que nunca foi enviada.

Se é que um dia aconteceu alguma coisa entre nós, acho que definitivamente ela deixou de existir.
E mau acabou e eu já estou aqui, morrendo de saudade, associando teu nome a todas as letras de músicas que ouço, olhando o celular a cada dois minutos para ver se quem sabe não lhe bateu forte o coração e você resolveu mandar um mensagem dizendo o quanto me ama. Mas ainda não...
Imagino que pegar o carro e sair dirigindo sem rumo, só pra facilitar o pensamento não é uma ação muito racional, mas aprendi a fazer isso com você, e é o mais próximo que posso chegar de "nós dois" agora.
Talvez não seja muito coerente eu dizer o quanto suas palavras não faziam o menor sentido para mim, o quanto eu, hoje, desacredito em tudo o que você me disse ao pé do ouvido. Suas, palavras, pra mim, não tem mais credibilidade depois que descobri que você só as dizia para depois rir.
No entanto, o que é mais absurdo em tudo isso, é que racionalmente eu sei como agir. Mas esse tal sentimento que as suas leviandades criaram dentro de mim, ainda insiste em me fazer dormir e acordar pensando em você. Ainda faz com que eu leia cada mensagem guardada na memória do celular, só para tentar entender exatamente o que se passou entre nós.
Prefiro não admitir, nem para mim mesma, que fui engana. Esse sim, é um sentimento que estraçalha o miolo da gente.
O fato é que quando imagino que você está feliz e não está comigo, me dá um sensação insuportável que mistura o vazio dentro de mim com a incompetência de não ter conseguido te conquistar. E aí vem aquela pergunta que todas mulheres já escutaram, de seu Grilo Falante: "Porque eu consigo conquistar os outros, mas não consigo quem eu quero?"
Eu tenho muita dificuldade de dizer tudo que sinto pelas pessoas, justamente porque tenho pavor de ser ridicularizada, ou das pessoas usarem meus próprios sentimentos contra mim. Mas já que estou aqui, tenso um surto maníaco-depressivo, escrevendo um texto triste, comendo chocolate e pensando em você, acho que não tem hora mais apropriada para dizer que TE AMO, e que você é tudo o que eu sempre quiz na minha vida, sem tirar nem por.
Para finalizar sem ser cruel e nem hipócrita, vou te dizer apenas a verdade: eu quero de verdade que você seja muito feliz. Sério, mesmo! Nunca desejei o contrário. Porque você merece e trabalha para isso. Mas é óbvio que você jamais será tão feliz quanto seria se estivesse comigo.

"A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender?
Depois de você, os outros são os outros e só"

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O negócio é sacudir a poeira.

Dificil entender o que exatamente as pessoas pensam a nosso respeito.
Um belo dia você está ali, sendo apreciada e nos dias seguintes você é absolutamente ignorada pela mesma pessoa. E aí, aquele sentimento que você estava construindo, imediatamente é interrompido e fica ali, boiando dentro do seu coração sem saber se afunda ou pede uma bóia.
A gente vai se apegando aos momentos bons que ficaram guardadinhos na primeira gaveta e acaba deixando passar um monte de acontecimentos ruins, como se fossem transitórios. Mas na verdade, é pura preguiça de arrumar o armário. Porque no fundo, a gente sabe que nenhuma relação vive de boas lembranças. E que aquelas gavetas de baixo que estão ocupadas com os momentos ruins, fazem com que falte espaço para organizar todo o resto da nossa vida.
Quando a gente quer que a relação de certo, fazemos a maior bagunça dentro da gente. Sem nem pensar no trabalho que vai ser depois para arrumar. Porque, que dá pra arrumar, é fato. Mas arrumar bagunça sentimental dá um trabalhoooo... E e essa parte que ainda não aprendi: pegar todo o excesso, ensacar e jogar fora mesmo.
Tô no caminho. Pelo menos já localizei a gaveta! :)